Setor primário impulsionou economia em meio à crise
Márcio Pamplona avalia 2017
O presidente da Associação Rural de Lages, Márcio Pamplona avalia o ano de 2017. Ele afirma que o setor primário foi o grande responsável pela sustentação da economia nacional em meio à crise.
Ao avaliar o desempenho do setor neste ano, o presidente da Associação Rural de Lages, Márcio Pamplona, o principal ponto a ser considerado é o do campo econômico envolvendo a pecuária. Conforme ele, o setor trabalhou com margens mais apertadas; com valores defasados em relação ao ano passado. Segundo aponta, em 2016, as vendas de um boi, por exemplo, girava em torno de R$ 6 reais o quilo. Uma vaca, em média, era vendida a R$ 5,00, quilo. Hoje, o segmento está trabalhando com valores menores. Uma vaca é comercializada a R$ 4,40 aproximadamente, e o boi, com valores de R$ 5,20 ou R$ 5,30. A primeira constatação foi o declínio em 2017, dos valores pagos ao gado. “Isso ocorreu o ano todo”, ressaltou Pamplona.
Operação Carne Fraca
A partir do momento em que se deflagrou a “Operação Carne Fraca”, ou seja, o escândalo envolvendo a JBS, a ocorrência afetou a pecuária como um todo. O setor de carnes estava muito nas mãos da empresa, não só no Brasil, mas no mundo. Esse problema acabou afetando diretamente o setor de carnes em nível de produtor. Se for ver no consumo, as pessoas continuaram pagando o mesmo preço no supermercado ou até mais, do que se pagava em 2016, em todas as carnes, seja de gado, de porco ou de frango. Especialmente na carne de gado apesar de ela manter os mesmos valores para o consumidor, sofreu um decréscimo por conta dos valores pagos pelos frigoríficos. E isso tudo ocorreu por vários fatores.
O dirigente se reporta a um desses fatores, ou seja, a JBS. A empresa, por ser um forte comprador de gado do Brasil, visando abastecer toda a rede de frigoríficos, adotava uma simples medida, que foi a de tirar a compra à vista de seus abatedouros. Antes, efetuava pagamentos além do à vista, oferecia prazos de 30 ou 60 dias, isso porque, ela era uma empresa capitalizada. Quando ocorreu o problema econômico e as denúncias na Justiça, houve o risco de a JBS não conseguir capitalizar recursos, e logo, foi retirada a opção da venda à vista. Nesse caso, o pecuarista, receoso, não queria mais vender a prazo. Então, a opção foi a de vender ainda mais barato o excesso de ofertas, para empresas menores, mas que ofereciam maiores garantias e menor risco para receber. “Isso fez com que houvesse uma diminuição do preço do gado, no Brasil todo”, acrescentou.
Setor local é afetado
Produtores de Lages e da Serra Catarinense acabaram sendo afetados indiretamente, apesar de a JBS não ter nenhuma planta para bovinocultura em Santa Catarina, a carne mais barata da região Centro Oeste, passou a ser vendida nos supermercados; casas de carnes; para grandes consumidores como restaurantes e churrascarias, etc. Tais fatores fizerem com que o próprio setor no Estado baixasse seu preço também. Apesar disso, com a constatação de que os valores reais são menores que os praticados no ano passado, os pecuaristas locais entendem que o setor primário passa por uma fase de reconhecimento.
Equilíbrio ao país
O que o dirigente rural Márcio Pamplona quer dizer, é que toda a sociedade passou a reconhecer que o setor primário, ou seja, tanto na agricultura como na pecuária, tornou-se uma espécie de porto firme, e que estabiliza a economia nacional, tudo, a partir da produção, da geração de riquezas e empregos. Enfim, um setor que deu equilíbrio para o País, apesar de toda a crise. Hoje, as perspectivas são melhores e com crescimento sendo retomado e se fortalecendo novamente. Com isso tudo, toda a sociedade reconhece que o setor primário tornou-se a âncora que deixou estável a economia do país. “Foi, sem dúvida, o único setor com bons resultados em todo esse tempo de crise. Antes, era tido como explorador, arruinava o meio ambiente, usava trabalho escravo, tudo era ligado ao setor primário. Hoje não”, afirma.
Linhas de crédito e investimentos
A nova visão ao segmento trouxe um pouco de credibilidade para que o produtor pudesse seguir investindo. Atualmente há uma variedade de linhas de crédito para a compra de máquinas, insumos, reprodutores, para investimentos nas propriedades, e tudo com grande facilidade, devido à credibilidade no trabalho desenvolvido no campo. Há uma mudança de comportamento. Em muitos casos, o banco vai até o produtor oferecendo a ele créditos por acreditar mais na atividade. Isso faz com que haja investimento nas propriedades; mais capitalização, resultando em mais produtividade, giro de maior renda, além da aquisição de novas tecnologias, que estão chegando com força no meio rural.
Ano foi bom
Na Serra Catarinense, a visão do ano no setor é de que apesar de tudo, foi muito bom. Somente na área de atuação do Sindicato foi possíveil realizar grandes investimentos, tais como, a ampliação de toda a estrutura de manejo, a cobertura das mangueiras; dar mais estrutura em todo o parque. Isso fez com que os eventos realizados nele, na totalidade, tivessem amplo sucesso. No ano, foram mais de 5,5 mil animais vendidos, mais de R$ 11 milhões somente em eventos oficiais. “No tocante aos demais trabalhos feitos em prol da classe foram produtivos, consolidando 2017, como um ano bastante positivo”, concluiu.
Assessoria de Imprensa - Associação Rural de Lages